Mal inaugurei o blog e já tive que abandoná-lo um pouquinho, devido as provas e aos trabalhos da faculdade, afinal quem faz Serviço Social sabe o quanto é corrido.
Bem, hoje estou voltando com uma postagem maravilhosa a qual esperei ansiosamente; o depoimento especial de uma prima muito querida, Assistente Social e extremamente comprometida com a profissão.
Pedi que ela fizesse esse texto, relatando um pouco de sua trajetória, e ela prontamente aceitou.
Espero que nos enriqueça, e nos inspire. Muito obrigada Aline Orpinelli, pela delicadeza, e carinho, você é motivo de orgulho!
Segue o texto abaixo:
Olá pessoal do blog da Ári, prima linda que cresci junto e por forças maiores tivemos que nos separar ainda na infância, mas hoje o destino nos colocou unidas pela profissão! Sou Aline, 24 anos, Assistente Social, amo o que faço, acredito ser esse o maior segredo de qualquer profissão.
Na verdade eu não escolhi o Serviço Social, digo que foi ele quem me escolheu, entrei no curso de “gaiato”, não tinha a mínima idéia do que iria encontrar ali. Acabei encontrando pessoas que não gostam de números, não se interessam por máquinas e tecnologia, mas por seres humanos, gente como a gente, muitas vezes deixados pra depois. Somos assim, pensamos em tudo, em todas as coisas possíveis, menos nas pessoas.
Formei-me em 2009, no Centro Universitário de Lins – Unilins, na cidade de Lins, interior de São Paulo, o curso é um dos mais antigos do Brasil, hoje possui 54 anos. Na universidade o curso predominante era a Engenharia, havia cinco delas, nós do Serviço Social éramos tachados como “estranhos”, afinal, porque alguém procuraria um curso que luta pelos direitos humanos enquanto bem ao lado existem opções que me darão muito dinheiro? Acredito ser isso o que mais o intrigavam! Penso que meu namorado (hoje já engenheiro) era um deles.
No momento trabalho em uma instituição de acolhimento (mais conhecida como “abrigo”) no município de Araçatuba, interior de São Paulo. Dentre tantas áreas que o Serviço Social pode intervir, penso que esta é uma das mais delicadas, pois já houve uma quebra do vínculo familiar que existia nesta família, algum motivo muito grande interrompeu a infância e/ou juventude saudável de uma pessoa em desenvolvimento, chegando ao ponto de seu afastamento do convívio familiar. Alguns dos maiores motivos de acolhimento são: abuso e ou exploração sexual, negligência, maus tratos, risco social e pessoal, entre outros. Na instituição as crianças e adolescentes podem voltar a ter seus direitos mínimos preservados, como ir a escola, brincar, inserção em cursos profissionalizantes e até no mercado de trabalho, relato pra vocês que lá já conseguimos incluir cinco adolescentes no mercado de trabalho, isso é muito gratificante para nós como equipe, formada por mim e por uma Psicóloga. Vemos nestes adolescentes a vontade de viver novamente, de esquecer o sofrimento que teve que passar e enfim poder ser gente!
Não encontrei dificuldades no Serviço Social e sim nas pessoas que tive que conviver todos esses anos que atuo. Penso que é um dos poucos cursos que nos oferece antes de tudo, uma diferença na forma de enxergar o mundo, as pessoas e as coisas, principalmente no nosso dia-a-dia. Antes deixava as coisas passarem sem perceber o que continha por trás delas, juro que hoje não, consigo perceber que tudo o que é nos oferecido (pelo Estado) não vêm de bandeja, em forma de caridade e de ajuda ao coitadinho do cidadão, nada mais justo do que termos de volta o que pagamos em nossos impostos e agora um desabafo meu, pra falar a verdade, ainda não temos.
Nesse momento em que aparece o Serviço Social, deixamos de agir como seres humanos alienados e lutamos para que as pessoas que não conseguem perceber essa alienação sozinhas, possam entender os direitos e a força que possuem e lutar por estes ideais. O curso é exatamente isso, um abrir de pensamento, uma visão diferente da vida e a base teórica para a luta em relação aos direitos sociais de cada ser humano, não deixando que este usuário (termo usado no serviço social destinado as pessoas que dependem de tal serviço) perca a fé na vida e no amanhã diante das dificuldades. O Assistente Social está ali para orientá-lo, para mostrar novos rumos de vencer na vida e garantir que os direitos citados nas leis sejam efetivados, pois defendo que lei só existe para ser cumprida e este é o nosso dever.
Em poucas linhas fica muito difícil decifrar os segredos e desafios da profissão, desta forma segue meu email, assim podemos conversar melhor! aline_orpinelli@hotmail.com.
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